Queria acreditar que o Amor é lindo e doce, mas na verdade é bem complicadinho para administrar e muitas vezes pode ter gosto amargo e ser bem maluco... Não remove montanhas, mas às vezes revira tudo dentro da gente.
Dá ânsia em pensar quanta coisa acontece ou não acontece, porque a imaginação é como uma faca de dois gumes, tanto pode nos ajudar a incrementar o romance, como pode enlouquecer e deixar tudo de cabeça pro ar!!!
Aproveitei minha adolescência como quase todas as pessoas da década de 80, tempos bons que não voltam mais!!!
Mas falar de romance, namoro, ficar, apaixonar, é como falar de ‘Contos Encantados’ nos tempos de hoje, é piegas, cafona, brega, sei lá, mas não tem nada a ver com o que acontece hoje, no século XXI...
Lembro-me que meu primeiro namorado tinha minha idade, uns 13 anos, andávamos de bicicleta com uma turma enorme, éramos muito amigos, e um dia alguém falou que estávamos namorando e então acreditamos, assim nasceu uma história de amor...
Mas não rolava amassos, beijos ‘desentope goela’, agarrações... Nossa, mal rolava um olhar mais apaixonado, um encosta braço no braço, mas os papos no telefone eram eternos, horas e horas a fio... E era bom, tão bom que no cinema dava arrepios só em pensar que sentaríamos ao lado do outro, que quando íamos pegar uma pipoca do saquinho as mãos se encostariam... E isto essa geração não sabe o que é... Éramos BV* sem ter vergonha disso, era uma eterna conquista, cada dia era uma nova emoção...
Só nos separamos, porque eu mudava de cidade de dois em dois anos, estava indo morar no Rio e foi uma angustia geral, a turma toda ficou numa espécie de luto, mas é claro que havia uma coisa que era muito importante, a moral masculina era forte, um menino nunca poderia levar o fora de uma menina, era uma afronta e existindo ou não o bullying, ele seria ‘o abandonado’, então, claro que aconteceu o telefonema mais terrível de nossas vidas, aquele onde o fim era iminente... Para dizer a verdade, não houve um ‘Acabou’, mas ficou terminado socialmente, porque fui embora e ele recebeu os louros do The End... Mas até hoje, quando raramente nos encontramos, ele sempre fala e até me apresenta como sua primeira namorada e eu digo o mesmo, legal, né?
Mas namorar naquele tempo, era ficar juntos como amigos mais especiais, a turma toda ficava junta, sem essa coisa chata de nos sentir ‘velas’, o que acontecia mais privadamente eram os papos no telefone, nossos pais enlouqueciam com as contas, mas ali, através de um fio, falávamos e falávamos...
Quando acontecia de ficarmos com alguém, era por quinze dias e até mais, raramente acontecia isto, éramos de namorar, mas às vezes acontecia de acharmos que gostavámos de alguém e não ser legal, não havia um desfecho oficial, apenas não ficávamos mais juntos, não ligávamos, e mesmo que nos encontrássemos, não rolava emoção... O normal era o menino pedir a menina para namorar, ai..ai... Eu vivi isto!!! Mesmo que o pedido fosse por telefone...
Eu adorava patinar, era o tempo do Roller Center, passava os dias com meus patins na mochila, para onde ia, levava os coitados à tira colo... E lá pelos meus 16 anos, conheci um menino lindo, mas lindo mesmo, tipo Príncipe Encantado, e ele me pediu para namorar... Hum...hum... As meninas me odiaram!!!
Claro que aceitei, sou Blond Girl, mas não sou tonta, né?
Numa bela tarde de sábado no Roller Center, ainda vazio, eu patinava tranquilamente quando tropecei numa coisa não identificada e antes que me estatelasse no chão, consegui cair num banco, sentada para minha sorte e logo em seguida senti alguém me segurando e me dando um profundo beijo, tipo ‘desentope goela’...
Quando acordei do duplo susto, tive uma terrível sensação de desencantamento total!!! Toda aquela belezura não adiantou nada, o Príncipe havia virado sapo num segundo... Só depois de algum tempo compreendi porque isto havia acontecido...
Foi quando conheci um amigo do meu irmão que lutava Taekwondo, eu me animei com a luta, porque não havia agarração e usava bastante as pernas, coisa que eu era muito boa, além da ginástica olímpica, eu era campeã de elástico, lembram? Pois é, sempre quis fazer alguma luta, mas não gostava de judô, uma agarração geral e muito chão.. Lá fui eu me aventurar a lutar de brincadeira, os meninos treinavam no jardim da casa desse menino, que por sinal era feio de dar dó... E nos treinamentos fomos ficando amigos e amigos e amigos... Até que um dia ele me pediu para namorar... Glup...glup...
Dilema a vista... Ele era tão legal, nos dávamos tão bem, nos divertíamos nos treinos e eu era a preferida... Mas ele era tão feioso!!!
Um dia eu encarei o dilema e resolvi aceitar, mas com a condição de não beijar...
Afê, essa foi terrível, né? Mas foi a forma que encontrei de ver até onde vai o limite de um cara que estava apaixonado... Ou não... E eu ganharia tempo para ver se eu gostava dele para namorar...
Não é que a fera aceitou a condição?
Até que um dia, não tão distante, quando estávamos a turma toda assistindo um filme na casa dele, num momento em que todos haviam dado pause para pegar mais refrigerante, ele me tascou um beijo ‘desentope goela’ e para minha surpresa, foi muito bom, o que me fez compreender que mesmo que o amor não seja tão lindo e tão doce, ele pode ser cego e feliz...
Namoramos por dois anos, mas esta é uma outra história...
(*BV - Boca Virgem)
Que fofo!!!!Bom final de semana linda.bjs
ResponderExcluirOi Arlinda querida!!!!!!!
ResponderExcluirQue delicia ler seus contos!!!! Tão boa como no scrap! Continue para eu acompanhar....Me fez lembrar das minhas "alegrias"
Eita tempo bom!!
Super beijo dessa amiga que te admia um tantooooooooooo asim!!!!!!!!!